Conservação de tartarugas marinhas na Ilha da Madeira.

O desafio
O projeto Education & Citizen Science to Help Endangered Sea Turtles around Madeira Island, promovido pela Universidade da Madeira, terá um caráter educacional e irá divulgar o conhecimento das espécies com base científica, bem como investigar alguns tópicos urgentes para a proteção das mesmas. As tartarugas marinhas são consideradas espécies emblemáticas mundiais para a conservação marinha, embaixadoras dos mares e usadas como indicadores de ambientes marinhos saudáveis. Todas as 7 espécies de tartarugas marinhas estão ameaçadas de extinção. As tartarugas marinhas percorrem amplamente os oceanos, atravessam fronteiras e passam longos períodos em áreas fora da jurisdição nacional em águas internacionais. A sua proteção, no entanto, depende principalmente de esforços locais.

A Madeira tem um longo registo de proteção das tartarugas marinhas, principalmente através da investigação. Essa abordagem, no entanto, carece do componente de conscientização e divulgação pública, o que é essencial para incluir as populações locais nos esforços de conservação.

Na Madeira ocorrem 5 espécies de tartarugas. De longe, a mais abundante é a tartaruga-comum (Caretta caretta). Há registo da presença de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) na Madeira mas não foram avistadas durante mais de 40 anos. Recentemente, em 2019, começaram a residir em baías protegidas ao longo da costa sul da ilha. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) utiliza regularmente as águas madeirenses mas raramente é avistada. A tartaruga-de-kemp (Lepidochelys kempii), embora registada historicamente na Madeira, tem uma população mundial tão baixa que a probabilidade de ser avistada é próxima de zero. A mais tropical tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) é um raro visitante ocasional. Assim, os esforços de conservação devem ser direcionados principalmente para a tartaruga-comum e tartaruga-verde, apesar dos problemas que enfrentam serem muito diferentes.

Atualmente, a conservação das tartarugas marinhas na Madeira necessita de soluções para 5 problemas urgentes:
1. As populações precisam ser monitorizadas a longo-prazo para se poder avaliar o seu estado de conservação.
2. A ecologia e os movimentos das tartarugas-verdes devem ser compreendidos, uma vez que há um maior potencial de interação humana com esta espécie costeira, resultando num risco acrescido para as tartarugas.
3. A interação das tartarugas-comuns com a indústria pesqueira - a captura acidental deve ser minimizada.
4. A poluição plástica (equipamentos de pesca perdidos e outros detritos persistentes) representa um sério problema de ingestão e emaranhamento para as tartarugas. A conscientização pública sobre essas incidências e a educação pública para reduzir o lixo oceânico são, portanto, cruciais.
5. Tartarugas encalhadas e feridas, principalmente vítimas de emaranhamento de plástico, ingestão ou captura acidental da pesca, devem ser adequadamente mantidas e tratadas.

O objetivo
Pretende-se abordar os principais problemas relacionados com a conservação das tartarugas através de uma abordagem integrada centrada na educação. O projeto visa minimizar os riscos e perigos a que as populações de tartarugas marinhas ameaçadas estão expostas nas águas madeirenses e contribuir para a literacia local do oceano.

Os principais objetivos do projeto incluem:

  • Publicar um livro sobre as tartarugas madeirenses acessível ao público em geral, nomeadamente a crianças em idade escolar;
  • Organizar um workshop sobre Tartarugas da Macaronésia e publicar um livro que resuma a pesquisa e apresente o conhecimento sobre tartarugas nesta região;
  • Criar uma página web que reúna informação sobre as tartarugas madeirenses, publique notícias e sirva como meio de participação pública na monitorização das tartarugas;
  • Estabelecer uma parceria com a Secretaria de Educação do Governo local para criar uma rede de voluntários para dar palestras em escolas e outras instituições;
  • Implementar sessões educativas para pescadores para reduzir a captura acidental;
  • Usar localizadores GPS (e talvez transmissores de satélite) para rastrear os movimentos de tartarugas-verdes e tartarugas-comuns e usar a análise de DNA para detetar a origem dessas tartarugas;
  • Dotar a Estação Marinha do Funchal de equipamento adequado para a recuperação das tartarugas marinhas e publicar no site informações sobre as tartarugas em tratamento e sobre a sua libertação. Esta instalação deverá ser visitada por escolas e outros públicos interessados e será utilizada como um meio de educação prática;
  • Continuar e expandir o programa de monitorização de tartarugas iniciado pela Universidade, utilizando anualmente uma amostragem de tartarugas capturadas na natureza para aferir a saúde da população.